12 de janeiro de 2019

em suspenso



Sempre me deixa assim: em suspenso.

Era uma das preocupações que eu tinha – não precisava gostar da pessoa, mas tinha que pelo menos me sentir à vontade. Claro, eu poderia procurar outro lugar, mas só de pensar na função. Torci para ser alguém “normal”.

No dia que cheguei, ainda não tinha me apresentado, vi de longe. Ok, é uma pessoa legal. Não acontece sempre, mas a gente simplesmente sabe, às vezes. Vemos a pessoa e sabemos que é uma boa pessoa, que vamos nos entender.

Só não sei quando começou a ser mais do que isso. Mais do que alguém que estava ali. Mais do que alguém que não me fez querer ir embora.

***

Minha vontade era de falar. Mandar uma mensagem agora e contar o que aconteceu. A gente cria uma versão da pessoa e de repente é o único ser no planeta, ou pelo menos o primeiro, com quem queremos dividir uma notícia boa.

Nunca tive nenhum motivo para isso, eu bem sei. Nenhuma indicação, nenhuma indireta, nenhum movimento, nenhuma fala que desse a entender nada. Era só essa sensação.  

De que todas as escolhas que fizemos nos trouxeram até aqui para que nos encontrássemos. De que esse encontro foi mais do que uma coincidência. De que o que temos em comum deveria ser motivo para sermos mais do que duas pessoas que se encontraram por acaso.

***

Me deixo levar. Me deixo permanecer em suspenso. À espera de algo. Enquanto os dias passam. Sem qualquer promessa.

Às vezes é só isso: o bruto sono da realidade. Lost in translation. Pessoas se encontram e desencontram todos os segundos sem que isso signifique nada. O que significa encontrar uma pessoa? Nascemos com olhos que querem ver mais.

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