the noise that you hear in your head is just the song
you know all the words and you know where they belong
soledad, vengo llamando a tu puerta desde hace un tiempo
in another world of sleep where someone warm was always there
just like I will always be and nothing's changed at all
te traigo mis cicatrices, palabras sobre papel pentagramado
so I fill every dream with the wish I'll see you soon
and though it may seem unreal it will come true
me encontrarás en cada cosa que he callado
when you wake up everything will be as in a song
ya he dejado que se empañe la ilusión de que vivir es indoloro
As linhas, os sons; as palavras, letras e sinais. E já se vão uns anos de quando alguém bateu à porta e eu não soube o que dizer. Foi então que, agora, anos idos mas ainda sem saber dizer, fui eu a bater à porta. Boas anfitriãs, veio a resposta, são capazes de falar pelos convidados.
Me falta, começou dizendo, essa habilidade que não está nas gramáticas.
Eu conheço as palavras. Brincamos juntas - desde o primeiro lápis, o primeiro caderno e as vogais em letra cursiva. Sempre e tanto, vestidas em fascínio, todas as combinações e sons e ritmos sobre papel pentagramado. As vírgulas que pausam e as que separam, travessões para introduzir - e pontos finais, que tudo acaba e é preciso saber encerrar. Ao mesmo tempo infinitas possibilidades e infinitas restrições. Nem dragões nem moinhos pelo caminho; o caminho, apenas: chão conhecido, jamais assustador.
O que me falta, em escrever, é uma habilidade anterior ao próprio escrever.
Me falta saber falar. Ser capaz de expressar, nas palavras escritas, uma voz que grita dentro sem nunca encontrar a saída. Fazer isso que fazem as músicas. E dizer que o que eu sinto é amor, é platônico, é ilusão, é raiva em silêncio, é sonho e fantasia. Mas como, uma vez perguntaram, como não sonhar? Tu não pode viver uma vida sem sonhos, sem sonhar acordada enquanto o mundo continua sendo mu(n)do. De todas as pessoas, tu - a única que não pode não sonhar. E os anos pelos quais as palavras ressoaram são os mesmos anos que hoje não existem mais - e os sonhos agora são tantos que se afogam todos os dias.
Mas não há com que se preocupar, querida. Nenhuma de nós guarda ilusões.
Existe uma música que toca. Que, em contínuo, diz tudo o que sempre será preciso saber. Em todas as horas de todos os dias de todos os anos, a única verdade possível. E para ouvir é melhor fazer silêncio. Presta atenção no que eu não digo, pois que os silêncios aqui dizem mais que as palavras, e é em todas as coisas que calo, em todas as horas de todos os dias, que sempre vou estar.