12 de maio de 2012
o encontro
Mais rápido do que poderia piscar um olho. Não vi nada e apenas vi. Mesmos gestos e trejeitos, iguais há nem tanto tempo. A voz, as mãos, o beijo no rosto. Troca sem sentido e sem reciprocidade. Porque ele me beijou e eu quis beijá-lo, mas encaremos: quem, na verdade, triste que é, gosta de quem? Não és tu e ao mesmo tempo não sou eu. Mas é a mim que os olhos vêm dizer eu te avisei para depois se postarem vermelhos, esperando fortemente lágrimas que não vêm. Nem mesmo à força, porque o sentimento já é seco. E me resta senão abstrair. Senão nada. Tristeza morta, saudade com tantos e tão poucos porquês. Todo o arrependimento na pele não me vale de nada, que estar ali eu já estava. Esperando, a contar com o que jamais aconteceria. E por que não ninguém que pise o mesmo chão é capaz de responder. Nem tu, nem eu. Nós. Ninguém. E agora ninguém foi capaz de dizer. Embora eu, eu tenha sido capaz de sentir. Sentir, porque poucas outras coisas na vida eu sou capaz de fazer. Poucas outras coisas na vida me fazem sentir a própria vida. Tua presença, teu abraço e tua pele já não existem, e não posso mais te arrancar palavras lúcidas. Eu quero - ou não. Eu espero. Pelo quê? Como fosse cair do céu, como fosse se me apresentar inteiro e entregue. Tão como eu. Naquele momento. Neste momento. Quando nem todos os defeitos humanos seriam capazes de me dissuadir. Mas de nada, porque nada existe. E onde o nada impera, meu coração. Todo o meu amor.
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