1 de maio de 2012

a conversa

If we could just shut up for a second, my darling, my dear, we might actually hear.

- Que que tu veio fazer aqui?
- Vim falar contigo.
- Eu não quero falar contigo.
- Tá, mas eu quero.
- Falar o quê? Veio contar como foi a noite?
- Não.
- O João te comeu direitinho?
- Cala a boca.
- Foi bom?
- Cala a tua boca, eu nem dormi com ele.
- Ah, ele foi embora depois? Só sexo, assim? E eu que achei que tu não fosse disso, hein.
- Meu deus, tu é muito idiota.
- Tu que dá praquele cara e eu que sou idiota.
- Cala a boca, eu não dei pra ninguém. E mesmo que tivesse dado, eu não te devo satisfação nenhuma. Idiota.
- Tá aqui por que, então? Vai embora.
- Eu vim ver como tu tá, disseram que tu passou mal ontem.
- Já viu? Eu tô ótimo.
- Para com isso.
- Vai ver ele de novo?
- Não sei.
- Já adicionou no facebook?
- Não. Para.
- Ele é um idiota.
- É teu amigo.
- Sim, mas é um idiota.
- Eu sou tua amiga também. É isso que tu diz pros outros de mim também?
- Ele é uma pessoa, tu é outra.
- Tu tá bem?
- Sim. Já disse que tô, porra.
- Grosso.
- Tu não tá bem, nada. Olha como tu vive.
- Como é que eu vivo? Que que tem como eu vivo?
- Tu só bebe, não come direito, não te cuida. E olha o estado desse apartamento, meu deus.
- Mais alguma coisa? Já criticou tudo? Vai cuidar da tua vida, meu. Deixa a minha comigo.
- Eu só queria ajudar.
- Eu pedi ajuda? Vai lá ligar pro João que ele deve estar esperando.
- Ah, cala a boca. Meu deus. Teu pai que é doente, e tu consegue ser pior que ele.
-
- Desculpa, eu não quis dizer isso.
- Já disse.
- Desculpa.
- Não. Esse que é teu problema. Tu fala demais.
- Eu não quis dizer, desculpa.
- Cala a boca.

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