Aconteceu numa noite qualquer, quando um olhar cúmplice sob a luz do poste soube de tudo por nós.
Aconteceu numa manhã de inverno, quando colorimos de café o dia cinza.
Aconteceu de longe, aconteceu de perto. Aconteceu tantas vezes que era como se não houvesse acontecido.
Cara a cara.
Nossos olhos alinhados como espelhos um do outro.
No silêncio do universo, o que você ouve?
A música vem de outro planeta e canta a vida que há lá. Sem tempo para contar, longe demais para pensar - em tudo o que nos mantém aqui, em tudo o que faz de nós o que somos. A imagem no espelho, nunca a vi de verdade. O estranho que me encara e me acompanha, quem é? Ele canta e foge, e eu escuto para fugir. O mais perto que sempre estarei.
Vistos de cima, somos linhas paralelas.
Pontos que se cruzam sem jamais se encontrar.
Nada aconteceu.
No elevador, quando não nos percebemos como nada além do que somos.
Nas noites, quando é só o som da mesma música, de novo e de novo, lembrando que somos uma mentira.
Nas manhãs, quando o café tem o mesmo gosto e os dias, a mesma cor.
Nunca acontecemos.
O tempo todo não estamos em lugar nenhum.
Pontos que se cruzam sem jamais se encontrar.
Nada aconteceu.
No elevador, quando não nos percebemos como nada além do que somos.
Nas noites, quando é só o som da mesma música, de novo e de novo, lembrando que somos uma mentira.
Nas manhãs, quando o café tem o mesmo gosto e os dias, a mesma cor.
Nunca acontecemos.
O tempo todo não estamos em lugar nenhum.
Você escreve o universo que vive ou vive o universo que escreve?