26 de maio de 2010

a loja

A menina entrou com o pai em uma loja. O dia estava claro na rua, quase ofuscando a visão, mas não fazia sol. Era só aquela claridade quase insuportável. Dentro da loja, que mais parecia um barraco gigante, a luz era mais amena, era possível enxergar sem apertar os olhos. E ela olhou para cima a tentou calcular a altura, sem conseguir. O teto ficava tão acima das cabeças que era difícil saber se era de madeira ou não. Apesar de alto, no entanto, o lugar era pequeno e apertado. Uma centena de coisas se amontoavam sobre tábuas velhas: almofadas, capas de sofá, panos, redes, tralhas de cigano. Havia tapetes no chão e pendurados em todas as paredes. As janelas, que ela não lembra mais ao certo se eram vitrais ou se estavam cobertas por cortinas, eram tão altas que quase chegavam ao teto. Os corredores entre as mesas com os objetos à venda eram estreitos demais para uma pessoa um pouco maior do que o pai poder passar entre eles. Ela olhou para o teto de novo e, dessa vez, percebeu que havia camas e sofás pendurados nele. Era tão alto que eles pareciam pairar imóveis no ar - não era possível enxergar se estavam suspensos por cordas, correntes ou o que quer que fosse. O pai, então, apontou para uma cama vermelha, inflável, com dois sofás acoplados, um de cada lado. "Olha, é esse que eu vou te dar", disse. Ela assentiu com a cabeça, ansiosa por sair daquele lugar. Estava com medo. Queria ir embora dali o mais rápido possível.

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